Você passa tempo navegando pelo seu mundo interior? Ultimamente, tenho ficado mais a sós com meus pensamentos, de maneira tão espontânea, que quando percebo já se foram alguns bons minutos do meu dia.

Mesmo tendo uma personalidade introvertida, minha tendência natural é de ser movida pelas ideias práticas e a execução de projetos sensitivos, sem gastar muito tempo na esfera da introspecção ou da constante autoanálise. Isto é, minhas necessidades e habilidades sempre estiveram voltadas para o mundo externo e sensorial, onde eu podia me encontrar e me reconhecer, ao me expandir aos outros.
Mas aí, veio a pandemia e seus efeitos inconcebíveis, para os quais ninguém estava preparado (em todos os sentidos). Deu-se, assim, o início de um ciclo de exposição de fragilidades, sensações e limitações humanas que pareciam querer nos parar no tempo e nos distanciar cada vez mais dos nossos ideais futuros. Nesse contexto de incertezas, fui aos poucos me permitindo viver um dia de cada vez; olhando menos para fora e mais pra dentro de mim; descortinando minha alma e desvelando a minha essência.
E sabe de uma coisa? Me enxerguei melhor e gostei mais de mim. Apreciei o prazer de estar no silêncio do meu espírito; de abraçar as oportunidades de refletir antes de responder ou agir; de poder examinar meus conceitos e valores; de me livrar das minhas crenças limitantes, e da chance de conectar com poucos amigos, mas ainda sim, experimentar boas e profundas conversas. Comecei a ser mais grata pelo momento atual, e por tudo o que tenho aprendido e provado até aqui. Por como algo tão inesperado e avassalador, tem me proporcionado um tempo tão valioso de me autoconhecer e de compreender a intensidade da minha natureza emocional, sem me sentir um ser anormal.
E nessa caminhada, sou constantemente lembrada que o Espírito habita em mim (1 Co 3:16), por isso destruo meus muros e refaço minhas pontes, aprendo e reaprendo, renovo minha mente e por ela sou transformada. Sondar o nosso interior e cultivar nele, sabiamente, o jardim da nossa existência é uma tarefa nada fácil, mas com certeza um privilégio que não devemos desperdiçar!