
Não me lembro ao certo quando descobri o conceito de roupas de tamanho único pela primeira vez. Sei que era adolescente e que não questionei o porquê da “novidade”, pois ela me pareceu ser uma ideia muita boa.
Quase trinta anos mais tarde, entrei em uma loja bem conhecida nos Estados Unidos, com a minha filha mais velha. À medida em que olhava as roupas, percebi que não havia os tamanhos comuns (PP, P, M, G, GG, etc), mas somente peças de um tamanho: sim, o único, rsrs!
Não me surpreendi, pois já estava familiarizada com esse tipo de marketing. Apenas considerei se uma pessoa fora do “padrão ideal de corpo” – determinado pela nossa sociedade – poderia, de fato, usar algo daquela loja. A impressão é que aquele lugar atraía somente um tipo de público, frustrando o restante que não conseguisse se encaixar bem, na modelagem definida.
Tendo dito isto, meu objetivo aqui não é criticar a moda e o design, mas fazer um paralelo do tema com a maneira como olhamos pra nossa vida e agimos no nosso dia a dia. Quantos de nós, ainda tentamos inserir modelos generalizados e critérios inadequados na busca pelo nosso aprimoramento? Quantas vezes já nos frustramos por fazer algo da maneira que alguém fez e não tivemos o mesmo resultado?
Assim como um tamanho único de vestimenta ou sapato não cabe perfeitamente em todo mundo, o padrão de ser, fazer, trabalhar e viver dos outros, nem sempre será o melhor pra nós. Eu, particularmente, já lidei com isso inúmeras vezes, e percebi que acabei me anulando em alguns momentos em detrimento de uma expectativa desnecessária; de algo que não era pra mim. Em 2005, quando meu marido assumiu a posição de pastor titular de uma igreja em Curitiba, comecei a buscar em outras mulheres de pastor, o exemplo “ideal” para mim: como elas falavam, se comportavam e desempenhavam suas tarefas. Queria muito cumprir essa nova função com excelência, pois ser esposa de pastor era algo novo para mim. Tudo parecia caminhar bem, até o momento em que cheguei num desgaste físico e emocional grande. Meu entendimento sobre o meu trabalho havia se resumido em abraçar uma carga muito pesada de responsabilidades que não tinham a ver com os meus dons e habilidades. Vesti um “tamanho” que não me cabia, até compreender que aquilo não estava me fazendo bem.

Veja, não estou dizendo que referências ou padrões existentes em nosso meio não possam ser absorvidos e reproduzidos, mas eles têm que acrescentar à sua vida e não invalidar a sua essência e os seus talentos. Você e eu não precisamos colocar uma roupagem que não serve pra nós, mesmo que ela tenha uma etiqueta que diz o contrário. O próprio Davi decidiu remover a armadura e o capacete de Saul, quando percebeu que não estava confortável (I Sa 17:38-39). Eles acabariam por atrapalhar sua luta com Golias e limitar sua visão. A roupa de guerra que funcionava para Saul não funcionou para David. E ele entendeu isso!
Minha oração é que possamos compreender, cada vez mais, a importância de olhar ao nosso redor e escolher cuidadosamente os “tamanhos” adequados para a nossa individualidade e particularidades; que vão se encaixar perfeitamente no molde que Deus nos criou.